O ativismo digital emergiu como uma força transformadora na paisagem política contemporânea, redefinindo a maneira como as pessoas se engajam em causas sociais e influenciam mudanças. Este novo paradigma de participação cívica transcende as barreiras geográficas e temporais, permitindo que vozes antes marginalizadas ganhem amplitude e ressonância em escala global. Através das redes sociais, plataformas de petições online e fóruns de discussão, jovens ativistas estão descobrindo o poder de mobilizar multidões virtuais em torno de questões cruciais, desde a luta contra as mudanças climáticas até a defesa dos direitos humanos. Por outro lado, dissemina e promove discursos de ódio e ideais que demonstram uma outra face do ser humano. Esta forma de ativismo não apenas democratiza o acesso à informação e à organização política, mas também cria um senso de comunidade e solidariedade que transcende fronteiras geográficas e ideológicas.
A natureza viral e instantânea das campanhas digitais tem o potencial de catalisar mudanças em uma velocidade sem precedentes. Um Reel bem elaborado ou um vídeo impactante pode, em questão de horas, sensibilizar milhões de pessoas e pressionar tomadores de decisão a agir. O ativismo digital oferece formas criativas e não-violentas de pressionar políticos e tomadores de decisão. Tweetaços, e-mails em massa e comentários nas redes sociais de figuras públicas são estratégias que chamam a atenção para questões importantes sem a necessidade de confrontos físicos. Essa abordagem pacífica muitas vezes resulta em diálogos construtivos e mudanças reais. O professor Massimo Di Felice, do Departamento de Comunicações e Artes da USP e diretor do Centro Internacional de Pesquisa sobre Redes Digitais Atopos, explica que a utilização das redes sociais cria debates públicos importantes e tiram o monopólio da grande mídia. A participação on-line, portanto, não é necessariamente organizada por grupos ou movimentos políticos, mas é resultado da interação entre as pessoas, dados, algoritmos, plataformas on-line e acompanha o desenvolvimento da tecnologia, o que ele chama de net ativismo.

“São movimentos temporários, não obedecem à lógica das ideologias de fundar, por exemplo, um movimento, partido, instituições que durem no tempo e que levem para frente uma batalha ligada a uma visão de mundo, uma ideologia geral. Esses movimentos não são produtos de ideologias, são produtos de interações com dados. Esta é uma qualitativa diferença que marca também a característica da participação e, portanto, o futuro da participação na democracia como entendemos até agora no âmbito ocidental”.
O ativismo digital não só amplifica estas mensagens, mas também oferece ferramentas para que indivíduos comuns se tornem agentes de mudança, seja através do compartilhamento de conteúdo, da assinatura de petições online ou da participação em campanhas de financiamento coletivo para causas importantes. Esta democratização do ativismo empodera uma nova geração de líderes políticos e sociais, que emergem não de estruturas tradicionais de poder, mas das bases da sociedade civil conectada.
Contudo, é crucial reconhecer que o ativismo digital, apesar de seu imenso potencial, enfrenta desafios significativos. A proliferação de desinformação e a criação de “bolhas de filtro” nas redes sociais podem polarizar o debate público e dificultar o diálogo construtivo. Além disso, a facilidade de participação online por vezes leva ao chamado “slacktivism”, onde o engajamento superficial em causas sociais substitui ações mais substantivas no mundo real. Para superar estes obstáculos, é fundamental que os ativistas digitais desenvolvam estratégias para verificar informações, promover o pensamento crítico e traduzir o engajamento online em ações concretas off-line. Ao fazer isso, o ativismo digital pode verdadeiramente se tornar um catalisador para uma transformação política profunda e duradoura, capacitando os jovens a moldar ativamente o futuro de suas sociedades e do mundo.
O futuro é digital e pacífico, e o ativismo digital é forma de comunicação evolutiva natural da participação política em um mundo cada vez mais conectado. Ao abraçar essa forma de engajamento, os jovens têm a oportunidade de moldar o futuro de maneira positiva e não-violenta, provando que as mudanças mais profundas muitas vezes começam com um simples clique.
Fonte: https://jornal.usp.br/